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Em Utah, Ze Min Xiao está reimaginando o que significa pertencemento 

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A filosofia de pertencimento de Ze Min Xiao é simples: “Não se trata apenas de atender às necessidades básicas. Trata-se de dar às pessoas oportunidades de contribuir para a sociedade e sentirem-se como o seu eu autêntico, não o eu que lhes pedimos que sejam”, disse.

Xiao chegou a essa epifania sobre pertencemento no início de sua carreira, quando trabalhava como articuladora para refugiados no gabinete do prefeito no condado de Salt Lake, Utah, e conheceu uma mulher que havia escapado do genocídio em Ruanda. A mulher compartilhou com Xiao o quão miserável ela se sentia. Xiao perguntou por quê? Ela estava segura, morava em uma casa e tinha suas necessidades básicas atendidas. A mulher respondeu: “Não tenho nada. Meu marido vai trabalhar, meus filhos vão para a escola e eu só estou sozinha em casa. Inútil. Desesperançada. Não sinto que posso contribuir para nada.”

Isso provocou um momento de luz para Xiao: “Me bateu que eu poderia fornecer a ela muitas coisas, mas não posso devolver a ela a capacidade de se sentir parte de algo e um senso de quem ela é como ser humano”, disse Xiao,  que é integrante da Global Fellows Network (GFN) da Fundação W.K. Kellogg (WKKF).

Xiao agora está trabalhando para garantir que todas as pessoas em Utah sintam esse senso de dignidade por meio de seu trabalho como fundadora, presidente e CEO do Centro de Oportunidade Econômica e Pertencimento. O centro foi fundado em 2021 para se envolver com as comunidades e catalisar parcerias privadas, públicas e filantrópicas para remediar lacunas de oportunidades em oportunidades econômicas, educação, saúde e moradia em Utah.

Construindo coalizões para a mudança

O centro serve principalmente como um espaço organizador, reunindo comunidades e tomadores de decisão para co-criar soluções inovadoras para as preocupações da comunidade.

“A peça de relacionamento é realmente fundamental para o trabalho que fazemos”, disse Xiao. “Acreditamos profundamente que, para criar espaços onde as pessoas possam trabalhar juntas, temos que criar confiança entre às partes interessadas.”

Recentemente, o centro trabalhou com 150 pais de dois distritos escolares para ajudá-los a construir o poder coletivo. Xiao e sua equipe forneceram treinamento técnico e os ajudaram a identificar três áreas principais para concentrar seus esforços de defesa. Uma dessas questões foi abordar a disparidade nos resultados acadêmicos dos seus filhos.

Os dados revelaram que a maioria de seus filhos, que pegavam ônibus para escolas em um bairro mais rico, tinham desempenho inferior em comparação com aqueles que cresceram naquele bairro. “Eles sentem que não pertencem às escolas porque não é o bairro de onde são”, disse Xiao.

Depois de receber apoio do centro, os pais decidiram organizar uma reunião do conselho escolar para expor suas preocupações sobre essa desigualdade com os membros do conselho. Eles agora estão participando consistentemente de reuniões para garantir que suas preocupações permaneçam na vanguarda.

“Individualmente, você pode não causar o impacto para fazer sua voz ser ouvida. Mas se construirmos uma coalizão de 10 pessoas ou 10 pequenas organizações que estão fazendo o trabalho, isso eleva essa voz”, disse Xiao.

Xiao cria laços onde não existia anteriormente. Ao se reunir com um formulador de políticas ou outro tomador de decisões para discutir um novo programa, ela enfatiza a importância de se envolver com os membros da comunidade local. Ela vai além, organizando grupos focais para garantir que o programa esteja alinhado com as necessidades da comunidade. Ao estabelecer essas conexões, seu objetivo é garantir que os tomadores de decisão se envolvam consistentemente com a comunidade, independentemente da presença do centro.

“É um jogo longo e você tem que começar em algum lugar. Você não pode simplesmente falar ou fazer um treinamento sobre isso. Você tem que fornecer maneiras concretas de unir as pessoas”, disse Xiao.

Uma rede de líderes para se apoiar

Xiao fundou o centro no meio de sua formanão no Programa de Liderança Comunitária da  WKKF (CLN) com o Centro de Liderança Criativa, que foi estendido inicialmente de 18 meses para três anos por causa da pandemia de COVID-19. Desde que o programa terminou, Xiao e sua turma mantiveram contato regularmente, e ela até contratou alguns membros como consultores para ajudá-la no centro.

“Criamos essa rede de líderes em todo o país, que se amam profundamente, se preocupam uns com os outros e se apoiam de maneiras que não poderiam ter sido possíveis sem essa comunhão”, disse Xiao.

Depois de se formar na Segunda Turma do CLN, Xiao se juntou a centenas de fellows na GFN. Em junho passado, Xiao também participou do Fórum de Liderança Global da Fundação WKKF Kellogg em Joanesburgo, África do Sul. Lá, ela forjou um vínculo com John A. Powell, diretor do Othering & Belonging Institute da Universidade da Califórnia, Berkeley, que trouxe Powell para Utah. Xiao recebeu ele e Arthur Brooks, autor e professor da Harvard Kennedy School, para um fórum sobre união e ponte entre a sociedade.

Uma das conclusões de Xiao do fórum foi a importância crítica da liderança multigeracional, então ela também providenciou que Powell se encontrasse com jovens profissionais negros durante sua viagem. Essa conversa inspirou mais de 100 jovens a se encontrarem uma vez por mês e desenvolverem sua própria rede de apoio.

Paixão por pertencimento

Xiao é profundamente apaixonada por ajudar as pessoas a encontrar pertencimento em suas comunidades. Seu impulso pessoal para este trabalho vem de sua avó que a criou depois de sobreviver à Revolução Cultural na China.

“Ela é minha heroína. Eu realmente respeitava suas habilidades de sobrevivência e sua resiliência. Mas acho que mais importante é sua paixão pela vida, seu otimismo e seu senso de esperança. Ela manteve a esperança e a dignidade durante os piores momentos”, disse Xiao.

Quanto mais Xiao trabalha sobre pertencimento em Utah, mais ela percebe que a dignidade é a chave.

 “Há tantas injustiças neste mundo. Temos que fazer esse trabalho de uma forma que estamos devolvendo a dignidade das pessoas em vez de tirá-la”, disse.

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